
O presidente do Cruzeiro, Wagner Pires de S, prestou depoimento na manh desta tera-feira, na sede da Polcia Federal, no Bairro Gutierrez, Regio Oeste de Belo Horizonte. Ele foi intimado pela corporao como testemunha para dar esclarecimentos sobre a Operao Escobar, que investiga vazamentos de documentos sigilosos da PF. No est descartada a possibilidade de o dirigente cruzeirense se tornar um dos alvos desse inqurito, j que membros da cpula celeste so suspeitos de cometer crimes de lavagem de dinheiro, falsificao de documentos e falsidade ideolgica.Matria exibida em 26 de maio pelo programa Fantstico, da TV Globo, divulgou irregularidades em transaes de jogadores e valores superfaturados pagos a empresas prestadoras de servio.
Wagner ficou por duas horas na sede da PF. Na sada, ao ser questionado pela reportagem da TV Globo se o clube tem contrato com os advogados Carlos Alberto Arges Jnior e Ildeu da Cunha Pereira, o presidente se limitou a dizer: “O Cruzeiro tem contrato com mais de mil advogados”.
Carlos Alberto Arges Jnior e Ildeu da Cunha Pereira foram presos no ltimo dia 5 de junho na Operao Capitu, juntamente com dois servidores da Polcia Federal, Mrcio Antnio Camillozzi Marra e Paulo de Oliveira Bessa. Todos eles so suspeitos de retirar documentos sigilosos do sistema da prpria Polcia Federal e vazar a interessados. A corporao apura crimes de corrupo ativa, corrupo iva, organizao criminosa, obstruo de Justia e violao de sigilo funcional.
Curiosamente,Mrcio Antnio Camillozzi havia sido nomeado por Zez Perrella, presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, para fazer parte da comisso de sindicncia que averigua denncias de corrupo da diretoria. Ildeu da Cunha Pereira, por sua vez, j ocupou cargo de superintendente jurdico do clube.J Carlos Alberto Arges Jnior representou o vice-presidente de futebol Itair Machado em um processo contra o ex-dirigente Bruno Vicintin.
Operao Escobar
Operao Escobar
A Operao Escobar desdobramento da Operao Capitu, investigao sobre suposto esquema de corrupo no Ministrio da Agricultura no governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Em novembro de 2018, a Capitu apreendeu documentos na residncia de Andrea Neves, irm do deputado federal Acio Neves (PSDB/MG), como suposta beneficiria de informaes privilegiadas cedidas por agentes da corporao a advogados, em Belo Horizonte.
Em 5 de junho, a PF prendeu quatro investigados - trs mandados de priso preventiva e um de priso temporria. Os agentes cumpriram sete mandados judiciais de busca e apreenso nos escritrios de Ildeu da Cunha Pereira e Carlos Alberto Arges Jnior.A Polcia apreendeu o celular de Sanzio Baioneta Nogueira, defensor de Andrea Neves, e cumpriu mandados de intimao para que "possveis envolvidos prestem esclarecimentos".
De acordo com a PF, a investigao teve incio aps a apreenso, “na casa de investigados”, de documentos sigilosos e internos da Polcia Federal, quando do cumprimento de mandados da Operao Capitu, em novembro de 2018.“Feitos os levantamentos e inmeras diligncias, foi possvel constatar que advogados teriam cooptado servidores desta instituio, no intuito de obter, de forma ilegal, o a informaes sigilosas ligadas a investigaes em andamento nesta Superintendncia”.
Segundo a investigao, os advogados com “o privilegiado s informaes usavam tal artifcio para oferecer a seus clientes facilidades ilegais”, o que prejudicava as investigaes e colocava“em risco a segurana dos policiais envolvidos nos trabalhos”.
A respeito da priso de dois agentes, a Polcia Federal destacou. “A represso contra atos de servidores do rgo policial extremamente sensvel e, embora cause desconforto aos investigadores e a toda a instituio, essencial para a manuteno da lisura e do compromisso que a Polcia Federal tem de servir sociedade brasileira”.