
Emerson Ferretti só falou sobre sua sexualidade anos depois da sua aposentadoria como jogador n5p19
"O futebol brasileiro não está preparado para um jogador que se declara gay. As portas se fecham". Essa reflexão é de Emerson Ferretti, ídolo do Bahia com agens por Grêmio, Flamengo, Juventude e Vitória, e que desde o ano ado se tornou símbolo não só de uma carreira de superação e sucesso, como também de luta e coragem.
O ex-goleiro falou pela primeira vez sobre sua sexualidade no podcast "Nos Armários dos Vestiários", que tratava da homofobia no esporte. Um ano depois e no Dia do Orgulho LGBTQIA+, o Superesportes entrevistou Ferretti para falar sobre a luta da comunidade para que esse ambiente seja menos hostil.
"O esporte faz parte da sociedade, não tem como ficar tão para trás assim de uma evolução. Ainda é a modalidade mais conservadora, atrasada nesse ponto, mas acompanha, não tem jeito", ele diz.
"Temos jogadores jovens, e essa geração mais nova já pensa diferente. Quanto mais os jovens chegarem, mais acho que o futebol vai mudar em relação a isso, percebendo com mais naturalidade. É um processo".
Ex-goleiro ou a vida 'se escondendo' 4m3s6k
Ferretti percebeu muito jovem que precisaria se proteger para sobreviver como jogador. "Eu precisei esconder isso a minha vida toda. Foram 50 anos tentando esconder. Quando falei, no ano ado, minha família já sabia, assim como meus amigos e quem convive comigo. O público, de forma geral, não tinha a confirmação. O que mudou foi poder me libertar, me mostrar completamente para não precisar esconder mais nada", conta, visivelmente aliviado.
"Isso para quem viveu se escondendo é uma libertação. Uma liberdade tão grande. Quem não ou por isso não tem ideia. É uma leveza no dia a dia. No viver.”
Segundo ele, o principal objetivo com a declaração era iniciar debates e tornar o assunto mais "natural". “É uma coisa que sempre teve, mas todo mundo ignora, faz de conta que não tem. É um assunto que ninguém comenta".
A repercussão aconteceu, mas não da forma desejada. Seus ex-clubes fizeram manifestações oficiais. Grande parte dos torcedores o acolheram. Mas a história parou por aí.
"A não ser pela manifestação do Bahia e do Grêmio, não senti por parte dos clubes, ou das pessoas que estão no futebol, uma extensão do assunto. Vieram, claro, com comentários internos. Mas o assunto morreu. Não houve algo concreto, ou uma iniciativa de abordar o assunto com atletas", relembra.
"O que a gente percebe é que um ou outro dirigente mais progressista, mais aberto, leva isso de forma mais natural. Mas não vejo nenhuma movimentação, a não ser em datas comemorativas. Efetivamente não é um assunto que ganha relevância no futebol."