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Socos, chutes e desconfiana: 54 anos depois, Natal, do Cruzeiro, chora ao lembrar ttulo da Taa Brasil de 1966 sobre Santos de Pel 5v735h

Em depoimento ao Superesportes e ao Estado de Minas, ex-atacante cruzeirense chorou ao lembrar do feito de 54 anos atrs 4zt28

postado em 07/12/2020 14:00 / atualizado em 08/12/2020 00:31

(Foto: Arquivo EM)
7 de dezembro de 1966. H 54 anos, o Cruzeiro derrubava o Santos de Pel e conquistava, no Pacaembu, em So Paulo, o seu primeiro ttulo brasileiro. A Taa Brasil foi um marco para o futebol mineiro. Alm de colocar os talentosos jogadores celestes em evidncia no cenrio nacional, o ttulo inquestionvel foi o aporte do clube do Barro Preto para sua primeira edio da Copa Libertadores, em 1967.




As vitrias por 6 a 2, no Mineiro, e por 3 a 2, no Pacaembu, apresentaram ao Brasil um timao formado por Raul; Pedro Paulo, William, Procpio e Neco; Piazza e Dirceu Lopes: Natal, Tosto, Evaldo e Hilton Oliveira. O Cruzeiro, ento dirigido por Airton Moreira, ainda contou com Cludio, Z Carlos, Tonho, Ilton Chaves, Marco Antnio, Dalmar e Wilson Almeida.

(Foto: Arquivo Estado de Minas)


Um dos grandes nomes daquela conquista, Natal, autor de dois gols nas partidas da deciso, emocionou-se no aniversrio de 54 anos do ttulo cruzeirense. Em mensagem de udio enviada ao reprter Ivan Drummond, do Estado de Minas, ele chorou ao relatar a desconfiana sobre aquele time do Cruzeiro, intimidaes por parte dos jogadores do Santos e, principalmente, ao relembrar da festa do ttulo na chegada a Belo Horizonte.

Oua o udio exclusivo de Natal sobre o ttulo da Taa Brasil de 1966:




Foi um campeonato muito difcil e que ningum estava acreditando. Quando terminou o primeiro tempo (no Mineiro) e estava 5 a 0 pra gente, na descida do tnel, eu e Dirceu Lopes comeamos a olhar um pra cara do outro e comeamos a dar risada. Ser que verdade isso? Vamos voltar para ver no placar? E no placar estava 5 a 0 no primeiro tempo. Ele falou: ‘Vamos ficar todo mundo l atrs para o Santos no ganhar da gente, no meter seis gols na gente, com Pel, Zito, Menglvio, time todo completao. Ns descemos at o vestirio e at o prprio treinador, que era o Airton Moreira, falou: ‘Gente, verdade mesmo, n? Ns estamos ganhando de 5 a 0. Vamos segurar a barra, vamos procurar jogar um pouco mais atrs, recuar um pouquinho na marcao’. Tudo bem. Graas a Deus conseguimos, no segundo tempo, fazer mais um gol e fomos para a deciso em So Paulo. E na poca no existia saldo de gols. O Cruzeiro tinha quatro gols de vantagem. E l, quando estava 2 a 0 no primeiro tempo, inclusive ns fomos ameaados, eu fui ameaado no incio do jogo, dois jogadores do Santos, um me deu um soco, outro me deu um pontap. Falou, ‘, hoje no tem nada para vocs aqui no. No tem Diabo Loiro (apelido de Natal), ns vamos quebrar o cacete mesmo e no estamos nem a’. O presidente da CBD foi ao vestirio no intervalo e perguntou ao presidente do Cruzeiro se queria marcar o jogo pra onde, porque estava 2 a 0 (para o Santos) e estava arriscado tomar de quatro e podia tomar at de cinco ou seis. Teria o terceiro jogo. E o Cruzeiro jogava pelo empate. A o Pedro Paulo apelou l com o dirigente do Santos, com o pessoal da Federao. ‘Vamos partir pra cima, vamos ganhar esse jogo’. Ele tirou os caras de l, os caras foram embora, e graas a Deus. Logo em seguida, houve um pnalti, o Tosto deixou de fazer o gol porque o goleiro pegou. Logo em seguida, uma falta que eu sofri, o Tosto fez 2 a 1. Logo depois, o Dirceu Lopes derrubou uns quatro zagueiros com os dribles infernais: 2 a 2. E faltando um minuto para terminar o jogo eu consegui fazer o gol, numa jogada de Tosto. Nisso, eu j tinha levado soco na cara, cusparada, uma srie de coisas, e graas a Deus conseguimos esse ttulo, coisa que ningum acreditava. No digo a torcida toda do Cruzeiro, mas a maioria. Tinha reprter que, depois do jogo, dizia: ‘Natal, no d para acreditar num negcio desse’. Foi uma coisa excelente para o futebol mineiro, excelente para os jogadores do Cruzeiro. Eles mesmos (jogadores) no acreditavam, mas eu nunca me importei com isso. Eu era um jogador que no estava nem a. O Santos era bicampeo do mundo, o Cruzeiro era campeo do qu? Campeo mineiro. E a que mudou muito o futebol brasileiro. Tinha o Roberto, aram a disputar o Campeonato Brasileiro. Foi isso a que o Cruzeiro conseguiu junto aos outros clubes para disputar esse Campeonato Brasileiro. E deu sequncia, o Campeonato Brasileiro est a at hoje. Mas aquele jogo de 3 a 2 vai ser um jogo que a torcida do Cruzeiro nunca vai esquecer devido tranquilidade dos jogadores do Cruzeiro. Ns no tnhamos responsabilidade, ns no ramos obrigados a vencer o jogo, ainda mais jogando contra o Santos de Pel, o Santos de Menglvio, de Coutinho, Gilmar, Carlos Alberto. Inclusive, antes de comear o jogo, o Zito veio e me deu um soco na cara. Quando terminou o jogo, eu no deixei para depois. Sempre fui um pouco abusado, dei nele um chute por trs e fui pra perto do Pedro Paulo. O Pedro Paulo era um bruto de um nego daquele tamanho, e o Zito pipocou, no foi l. Ficamos tranquilos, ganhamos a Taa Brasil, o Campeonato Brasileiro, e graas a Deus ns devemos tudo aos jogadores do Cruzeiro, diretoria que nos incentivou muito. E teve aquela recepo. A torcida do Cruzeiro nos esperou no aeroporto (da Pampulha) at chegar na sede do clube, l no Barro Preto, onde no cabia mais ningum. E ns conseguimos esse campeonato devido boa vontade e tranquilidade dos jogadores."

O que significou esse ttulo para voc?

"Significou que ficou pro resto da vida, n? Inclusive meu nome, aquele troo todo. At hoje eu recebi umas 20 ligaes (momento de muita emoo e choro de Natal). Desculpa que eu estou um pouco emocionado, isso significou muito pra mim, para a minha famlia. Minhas irms, tem duas que so cruzeirenses at debaixo d’gua. Isso foi muito bom. Minha me era atleticana e ou a ser cruzeirense. Quer dizer, foi uma coisa muito bacana e graas a Deus conseguimos isso. E eu devo isso tudo aos outros jogadores, ao clube, e espero que essa entrevista seja uma entrevista que possa agradar a todos. A emoo continua porque no foi fcil pra gente. Um abrao".





Em 2016, no aniversrio de50 anos da conquista da Taa Brasil pelo Cruzeiro, o Superesportes preparou um especial com entrevistas, reportagens, galerias de fotos exclusivas e umreencontro de alguns campees.

Clique aqui para ar o especial e conhecer a histria completa daquele ttulo indito!

FICHAS TCNICAS 2k346j


CRUZEIRO 6 X 2 SANTOS

Cruzeiro
Raul; Pedro Paulo, Willian, Procpio e Neco; Piazza e Dirceu Lopes: Natal, Tosto, Evaldo e Hilton Oliveira
Tcnico: Airton Moreira

Santos
Gilmar; Carlos Alberto Torres, Mauro Ramos, Oberdan e Z Carlos; Zito e Lima; Dorval, Toninho Guerreiro, Pel e Pepe. Tcnico: Lula

Data: 30 de novembro de 1966
Local: Mineiro, em Belo Horizonte
rbitro: Armando Marques (RJ)
Pblico: 77.325 pagantes (90.000 estimados)
Renda: Cr$ 222.314.600,00 (recorde)
Gols: Z Carlos (contra, 1 do 1), Natal (5 do 1), Dirceu Lopes (20 e 39 do 1), Tosto (pnalti, 42 do 1); Toninho Guerreiro (6 e 9 do 2), e Dirceu Lopes (27 do 2)
Expulses: Procpio e Pel (30 do 2)

SANTOS 2 X 3 CRUZEIRO

Santos
Cludio, Z Carlos, Haroldo, Oberd e Lima; Zito e Mengvio; Amaury (Dorval), Pel, Toninho e Edu.
Tcnico: Lula

Cruzeiro
Raul, Pedro Paulo, William, Procpio e Neco; Piazza e Dirceu Lopes: Natal, Tosto, Evaldo e Hilton Oliveira
Tcnico: Airton Moreira

Data: 7 de dezembro de 1966
Local: Pacaembu
rbitro: Armando Marques (RJ)
Pblico: 30.000 pagantes
Renda: Cr$ 65.142.000
Gols: Pel (23 do 1), Toninho (25 do 1), Tosto (18 do 2), Dirceu Lopes
(28 do 2) e Natal (44 do 2)

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