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Heleno de Freitas
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ESPECIAL 1i2g55

O drama 1l695l

Ilustre e delirante paciente dos "pores da Loucura" 3r6653

Publicao: 526f5d

12/02/2012 06:01

Atualizao: 1w1969

10/02/2012 22:26

Alexandre Guzanshe/EM/D. A Press
Hotel So Sebastio, antiga casa de sade de mesmo nome onde Heleno foi internado


Renan Damasceno - Estado de Minas


Em 1954, Barbacena respirava o nefasto ar da loucura. Inaugurado em 12 de maro de 1903, o Azylo Central de Barbacena, mais tarde chamado de Hospital Colnia, recebia cerca de 3.500 pacientes por ano, registrando mdia de bitos acima de 700. O terror, que o psiquiatra italiano Franco Basaglia compararia a um campo de concentrao nazista, durou cerca de 80 anos. Srie de reportagens “Os pores da Loucura”, publicada pelo Estado de Minas de 18 a 27 de setembro de 1979, revelou atrocidades como experincias e venda de cadveres, abalando a opinio pblica.
Alexandre Guzanshe/EM/D. A Press
Ptio do hotel So Sebastio


Alm do Hospital Colnia, que atendia indigentes, a cidade tinha quatro clnicas particulares, para pacientes de melhor condio financeira, entre elas a Casa de Sade So Sebastio, inaugurada em 1948 pelos mdicos Jos Theobaldo Tollendal e Hermont do Nascimento. Depois de internao fracassada no Rio e em Matias Barbosa, a famlia optou por tratar Heleno no hospital de um amigo de infncia, o dr. Tollendal, falecido em maio de 2010. Ele funcionou at 1995, quando deu lugar a hotel de mesmo nome, arrendado pelo empresrio Slvio Pires, de 60 ano, que s pintou corredores e instalou vasos de plantas para mudar o ambiente. A construo permanece intacta: 2.400m de rea construda, capacidade para 130 pessoas e 80 quartos para hspedes, entre eles o de n 25, onde Heleno ou os ltimos anos em devaneios: um espao de 4m x 3m, sem banheiro, com uma cama e um guarda-roupa.

O ptio onde tomava sol, cercado pela base de pedras e paredes de 5m de altura, silencioso e carregado de clima pesado, j afastou hspedes que nem sabiam que ali havia sido um hospital. Os quartos 42 e 43, ao lado da sala dos pronturios mdicos, no recebem pessoas h anos.

Entre 1952 e 1953, Heleno viveu entre o Rio e So Joo Nepomuceno, onde era atrao: ia ao restaurante do Bar Central, aos bailes do clube Democrticos e jogava sinuca no Bar do Cida, mas j apresentava sinais da doena. O vcio ainda o corroa e as receitas mdicas que chegavam Farmcia Oswaldo Cruz eram sempre acompanhadas de um P.S. cifrado: “D a Heleno o que o Heleno precisa”. Era ter.
Alexandre Guzanshe/EM/D. A Press
Na inaugurao da iluminao do estdio, Olympic enfrentou o Botafogo, ex-clube de Heleno


Em maio de 1953, jogou a ltima partida antes da internao. Com a camisa vermelha e branca de Rochedo de Minas, da cidade de mesmo nome, enfrentou um combinado de Guarani. “Eu era o ponta-direita e Heleno o centroavante. No ria para ningum, era grande e glamuroso. Num lance, matou a bola no peito e fuzilou o canto do goleiro. No outro, chutou de fora da rea, marcando outro golao”, recorda Sebastio Mattos, aos 76 anos.

CORROENDO OS NERVOS

Para a mdica Lucinia Carvalhaes, diretora clnica do Hospital Eduardo de Menezes, em BH, possvel que Heleno tenha contrado sfilis nos primeiros anos da vida sexual, pois era comum ento ter as primeiras relaes com prostitutas. Conhecedor das preferncias do velho amigo, dr. Tollendal o acompanhava ao campo do Santa Tereza para ver treinos do Olympic. Raras vezes Heleno jogou, mas era chamado para dar o pontap inicial em partidas festivas. “Ficava sentado assistindo. Mas ao ver um erro, comeava a se exaltar e a xingar os jogadores do outro lado da grade. Falava coisas sem sentido e j estava com a feio transtornada”, lembra Danton, de 79 anos, ex-goleiro do Olympic e do Madureira.
Alexandre Guzanshe/EM/D. A Press
Os irmaos Luiz Galvao e Sebastiao Pereira, proprietrios da Tabacaria onde Heleno buscava charutos


Na inaugurao da iluminao do estdio, no fim de 1956, o Olympic enfrentou o Botafogo. Heleno foi visitado pelo ex-time, ento treinado pelo ex-parceiro de ataque Geninho. Foi o nico encontro com outro gnio atormentado do alvinegro: Garrincha. Sempre ao lado do mdico, tomava refrigerante no Bar Colonial e buscava charutos na Tabacaria Minas Gerais, no Centro. “Meu pai falava que ele ava, pegava o fumo, dizia ‘Eu sou o Heleno’ e saa sem pagar”, contam os irmos Luiz Galvo e Sebastio Pereira, herdeiros da loja. Com mania de grandeza, falava coisas sem nexo. Os tempos de glria ainda o atormentavam. Dizia que a cada gol pelo Boca era obrigado a dar um abrao em Evita Pern, a primeira-dama argentina.

No fim de 1957, Tollendal escreveu a Heraldo: a sade e a sanidade pioravam rapidamente. Ele havia perdido muito peso, os dentes estavam enfraquecidos e o cabelo caa. Havia ado a ouvir vozes, agir de forma violenta e infantil, comer papel e rasgar roupas com os dentes. Pele enrugada, cabelos ralos e brancos, aos 38 anos, o homem de 1,80m pesava pouco mais de 40kg. Na manh de 8 de novembro de 1959, ao abrir a porta do quarto com o caf da manh, um enfermeiro encontrou Heleno morto. A ida do corpo para So Joo Nepomuceno foi to conturbada quando a vida do mito. Caa verdadeiro dilvio. s 15h, perto de Juiz de Fora, o caixo teve de ser trocado de carro, que meia hora depois atolou. S chegou cidade s 9h da manh seguinte. “No velrio, um senhor de cerca de 50 anos ficou o tempo todo ao lado do caixo. Devia ser algum que conviveu com o astro. Depois ningum nunca mais o viu”, lembra Helenize. O comrcio fechou e uma fila seguiu o caixo da casa da famlia, na Rua Capito Braz, at o cemitrio So Joo Batista, onde Heleno foi enterrado s 15h, ao lado dos pais e de Heraldo.

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(1) comentrio(s)

Autor:

Jane Darck 6m6o5r


Acabei de assistir ao filme, excepcional atuao de Rodrigo Santoro. uma concluso ficou na minha cabea: HELENO ERA OUTRA ESTRELA SOLITRIA.... mal comparado, Garrincha foi outro gnio incompreendido...

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